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Opinião: Tormenta, de Julie Cross

Tormenta
de Julie Cross
 
Edição/reimpressão: 2015 
Páginas: 384
Editor: 1001 Mundos/ Edições ASA
  





Resumo: 

Um misto de A Mulher do Viajante do Tempo e Matrix – um romance empolgante e cheio de ação!

Em 2009, o jovem Jackson Meyer é um rapaz normal de 19 anos: estuda, tem uma namorada… e consegue viajar no tempo. Mas não é como no cinema - durante os seus «saltos» para o passado, nada muda no presente – tudo não passa de uma diversão inofensiva.
Isto é, até Jackson e a sua namorada, Holly, serem atacados por desconhecidos e Holly morrer com um tiro. Em pânico, Jackson recua acidentalmente no tempo dois anos, mas aquele não é como os seus saltos temporais anteriores. Jackson descobre que ficou preso no passado e não consegue voltar ao futuro.
Desesperado por voltar e salvar Holly, mas incapaz de regressar ao ano certo, Jackson resolve continuar a sua vida em 2007, tentar descobrir o que puder sobre as suas capacidades e conhece Holly… de novo. Em breve descobre que nada na sua vida é o que parece ser, incluindo o seu próprio pai.
Não muito tempo depois, as pessoas que dispararam sobre Holly, membros de um grupo apelidado pela CIA de «Inimigos do Tempo», vêm a sua procura para recrutá-lo… ou matá-lo.
Com tudo aquilo a acontecer e ainda a tentar encontrar pistas sobre as origens da sua família para descobrir mais sobre as suas capacidades, Jackson tem de decidir até onde está disposto a ir para salvar Holly… e possivelmente o mundo.


Hoje, Jackson e Holly estão apaixonados.
Amanhã, ela irá morrer nos seus braços.
Ontem, ele tem de desfazer tudo…

Rating: 4/5
Comentário: Fico sempre com receio destas comparações e de usos de referências de outros livros para enquadrar um emergente no mercado literário. No caso de Tormenta, de Julie Cross, há muito que conhecia o título e a sinopse original não me seduziu por aí além. Viagens no tempo, histórias de amor tradicionais, parecia-me um pouco mais do mesmo. Felizmente cruzei-me novamente com este livro assim que saiu a edição portuguesa, e apesar de manter na apresentação as temáticas principais, soube despertar-me a atenção com algumas nuances. Para variar, a referência a A Mulher do Viajante do Tempo (um dos meus livros preferidos) e a Matrix chamaram-me a atenção e despertaram-me a curiosidade.
E tenho de começar esta opinião por aqui porque percebo o porquê destes dois elementos de referência terem sido identificados, mas também o quanto Tormenta impõe de originalidade no meio de alguns clichês q.b. para valer por si só.
Se pegarem neste livro à espera de grandes romances de tirar literalmente os pés do chão....vão encontrá-lo, mas não tão acentuado e da forma que esperam. Esta foi uma das agradáveis surpresas que a autora me trouxe e que tornaram esta leitura mais prazerosa.
Jackson é um adolescente completamente normal. Sentimos-lhe na pele os anseios da juventude, desde o desejo reprimido de estar sempre com a namorada (relação com a qual não surge da forma que esperava ao início), às preocupações da faculdade e dos preâmbulos do futuro, passando pela dor da perda, a responsabilidade perante as suas ocupações extracurriculares e a necessidade de corresponder a uma agenda preenchida e bastante agitada. E no mesmo disto tudo, sobressai como outra característica a capacidade de viajar no tempo. Assim sem mais nem menos, como mais uma parte de si que é uma mescla das restantes e com a qual ele tem de lidar diariamente, mesmo quando não lhe é muito prático.
É exactamente quando esta característica (mais do que um dom) acaba por se diferenciar dos outros elementos que o compõem que a balança do destino vira e é a partir do recuo para dois anos do passado referido na sinopse que finalmente conhecemos esta personagem, para além de todas as camadas superficiais e socialmente aceites, com angústias, arrependimentos, dúvidas existenciais e uma enorme necessidade de consertar o que se calhar não tem conserto.
Para variar, foi com enorme prazer que retornei a uma personagem principal masculina, mas que é essencialmente muito humana. Não é o super-herói que poderia ser, nem o engatatão a quem todas caem aos pés, nem sequer o herói do cavalo branco. É Jackson, um rapaz normal que por acaso viaja no tempo.
A partir do momento em que tudo se transforma, a acção é acelerada e os acontecimentos bastante repentinos. Acompanhamos o encadeamento da acção com bastante rapidez, mas sem por isso confundir o leitor, e gerando um entusiasmo pela diferença.  Especialmente a meio do livro, o enredo tendeu numa direção totalmente inesperada para mim mas a qual recebi com bastante agrado. Senti mais do que nunca que apesar que não achar que Julie Cross tenha inventado a pólvora, estava a ler algo de facto original.
As personagens que acompanham Jackson nesta aventura inicial são bastante interessantes, especialmente o Adam, que no seio de pensamentos e formulações dignas de um géniozinho, é também bastante humano e fiel. Quanto a Holly, é uma personagem da qual ainda não sei bem o que pensar, mas no geral gostei da prestação dela exactamente pelo grau de imprevisibilidade que lhe assistia.
Todas as restantes personagens secundárias, desde os Inimigos do Tempo a um certo grupo secreto da CIA acabaram por deixar uma interação de segundo plano com enorme destaque na diretiva principal e que tornou este livro muito mais interessante.
No seio de toda a acção são colocadas uma série de questões que não senti que tenham sido respondidas neste primeiro volume. Mas à semelhança dessas, foram largadas ao longo das últimas páginas várias pistas que certamente se converterão em esclarecimentos no segundo livro (e que quase que aposto que sei em que direção estas nos levam, mas Julie Cross já me habituou a algumas trocas de voltas).

É caso para dizer que consegui ver as semelhanças enunciadas entre as duas obras já referidas, A Mulher do Viajante do Tempo e Matrix, não porque sejam iguais ou sequer porque se enquadrem nos universos enunciados, mas porque em última instância existem uns rasgos de verosímilhança que servem de elementos identificativos, sem se camuflarem pelo enredo original. Recomendo!

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