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Opinião: Letal, de Sandra Brown

 
Letal
de Sandra Brown
Edição/reimpressão: 2013
Páginas: 456
 Resumo: Quando a filha de quatro anos lhe diz que está um homem doente no seu jardim, Honor Gillette corre a ajudá-lo. Mas esse «doente» revela ser Lee Coburn, o homem acusado de assassinar sete pessoas na noite anterior. Perigoso, desesperado e armado, ele promete a Honor que ela e a filha não irão magoar-se se ela fizer tudo o que ele lhe pedir. Honor não tem alternativa a não ser aceitar a sua palavra.
Em breve Honor descobre que nem as pessoas mais próximas de si são de confiança. Coburn afirma que o seu falecido marido possuía algo extremamente valioso que coloca Honor e a filha em perigo. Coburn está ali para levar consigo esse objeto - a qualquer custo. Dos escritórios do FBI em Washington, D.C. a um velho barco no litoral da Louisiana, Coburn e Honor fogem das pessoas que juraram protegêlos e desvendam uma teia de corrupção e depravação que os ameaça não só a eles, mas à própria sociedade.

Podem consultar o excerto das primeiras páginas aqui.

Para adquirem o vosso exemplar, passem pela livraria do Encruzilhadas no site da Leya.

Rating: 3.70/5


Comentário: 

Letal foi a minha estreia com Sandra Brown, apesar de já ter intenções de ler livros dela há muito tempo. Outras prioridades foram-se sobrepondo, como qualquer leitor com uma lista interminável de livros para ler sabe, mas a estreia deste último livro da autora em Portugal serviu como pontapé de saída para enveredar pelo mundo de crimes e suspense da autora.
Tida por muitos como uma das melhores autoras de romances policiais, onde predominam os thrillers e o suspense com uma visão feminina muito demarcada, o seu último romance tem sido referido como um dos melhores da sua autoria. Quanto a isso, não me posso pronunciar, mas foi de facto uma surpresa muito bem conseguida.
Começamos uma narrativa com um nível de acção já adiantado, de onde resulta a perseguição a um assassino em série que surge sem passado e do qual ninguém consegue saber o destino actual. O que aí se sucede, já nós conhecemos através da sinopse: insinua-se junto da família Gillette, precisando de descobrir algo na posse da viúva que o possa ajudar. Como? Só o descobriremos mais em diante. A acção encontra-se sempre ao rubro, e a entrada em cena de personagens secundárias faz por nos lembrar desse mesmo facto, já que a localização isolada da casa de Honor acaba por passar para o leitor, que se envereda nas interligações criadas entre o criminoso e a mulher e a sua filha e se esquece da caça ao homem. A introdução da menina é na verdade um dos pontos a favor para mim: nem sempre é fácil para os autores criarem personagens infantis que o sejam realmente - ou os discursos não se adequam, ou são demasiado forçados. Emily é uma miúda doce e com uma ingenuidade institiva que torna toda a narrativa mais interessante, até porque será sem dúvida um dos elementos cruciais para o desenrolar da narrativa. É fácil gostarmos dela, e torcermos pela sua segurança.
Quanto a Coburn, é uma personagem mistério que promete mais drama do que o que realmente traz à ribalta e o qual nunca ficamos a conhecer muito profundamente. Ainda assim, são as suas acções as principais promotoras dos momentos de acção e que nos deixam logo sempre ansiosos porque as consequências das mesmas geralmente só geram mais confusão. 
Desta primeira experiência com a autora, destaco a capacidade de criar um puzzle complexamente interligado, com uma série de reviravoltas completamente inesperadas. Na verdade, e sem adiantar nada que estrague a leitura, irá surgir uma personagem mistério que durante muito tempo não pensamos vir a descobrir de quem se trata, mas que inevitavelmene nos levará a fazer especulações. Não acredito que muitos acertem no desfecho da mesma, mas digo-vos que é completamente inesperado. Para assinalar destaco também a primeira reviravolta no decorrer da narrativa. Não esperava mesmo o que se passou e fiquei surpreendida, de qualquer forma a passagem do discurso para o ante/pós revelação acabou por ser algo brusco. De qualquer forma, acabou por criar elementos interessantes que nos fizeram olhar para as diversas personagens com outros olhos.

Não chega ao 4 em pontuação por dois motivos: A interligação constante entre todas as personagens saiu algo forçada. Dá-se o exemplo do elemento do FBI que partilha informação do caso que está a analisar com a mulher - acreditar-se-ia na existência de um brio que apelasse à confidencialidade e que ao encontrar-se num cargo de chefia soubesse minimamente o que estava a fazer. Numa segunda análise, e não sei se propositado ou devido à tradução, alguns momentos (principalmente os que dizem respeito a momentos de cariz sexual) trazem uma linguagem muito crua que surge completamente fora do contexto, soou-me estranha e não gostei de a ler assim. Quanto ao fim, foi apressado e com elementos desnecessários. Percebi a necessidade de criar um elemento que levasse ao final feliz, mas para isso não haveria a necessidade de incutir outro tipo de comportamentos às personagens, que às tantas pareciam sofrer se surtos bipolares. Mas foi apenas uma leve tendência. Não me arruinou a leitura, nem a surpresa, nem a curiosidade para ler o que se iria passar a seguir, de querer saber se os elementos de protecção seriam suficientes para salvar a vida de inocentes e se os criminosos seriam apanhados.
Outro ponto a favor é que não existem descrições horrendas (e capazes de vomitar) sobre os crimes ocorridos, o que tornou a leitura bastante prazerosa para mim. 
Em suma, gostei e irei mesmo procurar os restantes livros de Sandra Brown.


Cláudia
Sobre a autora:
 
Maratonista de bibliotecas e bookcrossing, a Cláudia ainda consegue estudar e fazer o seu mestrado enquanto lê nos transportes públicos. Defensora da sustentabilidade e do voluntariado é tão fácil encontrá-la numa biblioteca como na Rota Jovem em Cascais. É uma sonhadora e gosta de boas histórias, procurando-as em cada experiência que vive.

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