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Opinião: Estrada Vermelha, Estrada de Sangue, de Moira Young

Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 336
Resumo:
Estrada Vermelha, Estrada de Sangue é um thriller futurista, uma aventura épica que se passa num período pós-apocalíptico e extremamente violento. Saba, a protagonista, é uma jovem que viveu sempre em Silverlake, numa zona remota, inóspita e quase deserta, até ao dia em que uma tempestade de areia traz consigo um bando de terríveis criminosos que lhe matam o pai e levam consigo Lugh, o irmão gémeo que ela adora. Sozinha com Emmi, a irmã mais nova, Saba vai investir toda a sua coragem e o seu espírito combativo na busca do irmão, numa demanda perigosíssima e empolgante, através de intermináveis extensões desérticas e violentas intempéries, que culminará numa apoteose de pura adrenalina.
(Podem ler um excerto no site da Editora clicando aqui. Para verem o livro no site da editora cliquem no título ou aqui)
 
Rating: 3,5/5

Comentário: 
Assim que comecei a ler Estrada Vermelha, Estrada de Sangue arrependi-me da minha decisão. O texto tinha uma pontuação esquisita e parecia repleto de erros gramaticais e de tradução. Ao fim de dez página senti-me desesperar e pousei o livro sem saber o que fazer ao certo. Era impossível um livro ter saído com tanto erro da editora, por isso, decidi fazer uma pequena pesquisa sobre o livro. Afinal estávamos a falar de um livro que vencera um prémio, ainda para mais, o Costa Children's Book Award.
Depois de uma pequena pesquisa descobri que a Stacey, a review britânica da qual já vos falei, tinha lido o livro e lhe tinha dado 4 estrelas. Como os nossos gostos são parecidos, questionei-me sobre o que se estaria a passar. Quando li a review dela todo o problema da gramática desapareceu, apesar de talvez ser perceptível para maior parte dos leitores, eu não me apercebi que a personagem principal falava com sotaque e que o livro é uma transcrição fiel de tudo aquilo que ela pensa e diz. Quase como se um processador de texto se tivesse ligado por magia ao cérebro da heroína e registasse tudo o que esta pensa.
Quando tornei a pegar no livro, já com isto em mente, descobri que me conseguia adaptar facilmente ao texto e as coisas ao início que me pareciam abomináveis tornaram-se divertidas. Por exemplo, alguém me sabe dizer o que é um "safado auto-convencido"? Apenas mais um regionalismo da personagem creio, como toda uma vasta gama de palavreado que ela usa ao longo da história e que contribuem para uma autenticidade do ambiente.
Apesar de ser classificado como uma leitura distópica, a verdade é que Estrada Vermelha, Estrada de Sangue não segue a imagem da típica distopia controlada pelo governo, e sim algo mais vago, uma simples sociedade futurista onde o caos, mais que um poder regente, impera. Tal como o resumo diz, Saba vive uma vida "feliz" no deserto com a sua família até que um dia tudo muda.
Esta é uma história sobre a amizade e o amor entre irmãos e até onde estamos dispostos a ir para os salvar. Este amor platónico que temos aos nossos irmãos, e que partilhamos com Saba, dá-nos força para fazermos coisas que antes acharíamos impossíveis. Apesar de não ter um irmão gémeo, tenho irmãos mais novos, o que tornou a minha relação com Saba difícil, principalmente devido à maneira como ela trata Emi, a sua irmã mais nova.
Se no início tinha um pouco de receio de encontrar uma relação do estilo Katniss-Prim fiquei destroçada ao ver a maneira horrorosa como a nossa heroína tratava a irmã mais nova. Infelizmente, para mim, em termos de contextualização da história a relação tem os seus motivos de ser e eu tive que aprender a ver Saba da maneira que ela era. Afinal nenhuma personagem é perfeita, tal como as pessoas, e todas tem os seus defeitos e qualidades que as torna únicas.
Apesar de ser um livro cru e frio, não creio que seja muito mais violento que Os Jogos da Fome, poderia mesmo dizer que estão ao mesmo nível. Com uma ou outra situação mais sangrenta mas que continuam a não enojar o leitor. É um livro com muita acção sem dúvida e que, também ao contrário do habitual, não tem capítulos (o que ajuda a formar a ideia de uma acção continua), possui pequenos espaçamentos entre as cenas e está dividido em sete partes, uma para cada zona que Saba visita. Começamos em Silverlake, casa de Saba, e vamos por esse mundo fora.
Na minha opinião este livro é um bom companheiro das horas vagas e um fantástico romance de estreia de Moira Young, que este ano já lançou o segundo volume desta saga (Dust Lands) que espero que seja continuada pela Editorial Presença. Um livro que leva um sólido 3,5 na minha escala.

  • Para verem mais livros distópicos que comentamos cliquem aqui.



Ki
(Catarina)
Sobre a autora:

Bibliófila assumida e escritora de domingo. Gosta de livros e tudo o que esteja relacionado com eles, tem a mania que tem opiniões sobre livros e gostas de as expor no seu blog conjunto Encruzilhadas Literárias, tem também uma conta no GoodReads e diz que é das melhores coisas que já lhe aconteceu.

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